Ricardo Monteiro

Entrevista a Ricardo Monteiro, CAD Engineer na Aston Martin, ex-aluno da licenciatura em Engenharia Automóvel da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria.

  • Como foi o teu percurso até chegares à ESTG-Leiria?

Aos 12 anos comecei a trabalhar na oficina do meu pai e foi a partir daí que o meu gosto pelos automóveis começou a nascer. Chegas a um ponto em que a paixão está lá! No ensino secundário, em Ourém, concluí o 12º ano no agrupamento de ciências e tecnologias, especialização em informática.

  • Em que ano ingressaste e que opções ponderaste quando te candidataste ao ensino superior?

Apenas Engenharia Automóvel, não me interessava mais nada. Ou vinha para este curso ou não ia para mais lado nenhum. Ingressei em 2006, ainda na licenciatura de 5 anos, tendo em 2007 passado para o plano de estudos adaptado a Bolonha (licenciatura de 3 anos).

  • Porque não ponderaste outras opções no ensino superior?

Não havia outro curso em Portugal que me seduzisse e também não tinha carteira que me permitisse ir estudar 4 anos num curso lá fora. Leiria foi a única opção que literalmente interessava.

  • Como foi então o teu percurso em Leiria?

Era um aluno médio, terminei o curso com média de 15 valores. Fiz o meu projeto na área de impacto automóvel por considerar ser o que poderia ir mais de encontro à realidade nacional para futuro no mercado de trabalho. Ainda antes de terminar o curso iniciei a minha procura por propostas de trabalho e tive alguma formação extracurricular para aperfeiçoamento da língua inglesa.

  • Qual a tua opinião sobre o curso de Engenharia Automóvel?

Em primeiro lugar é um curso muito sedutor, que tem um laboratório que não se vê em mais curso nenhum algo parecido, muito bem equipado. Tens bons professores, tendo em atenção ao mercado português, o curso está muito bem estruturado e tem uma componente técnica automóvel muito forte.

  • Quais foram as dificuldades que encontraste quando ingressaste no curso de Engenharia Automóvel?

Claramente a falta de ritmo de estudo, mas penso ser um problema típico de quando se passa do ensino secundário para o ensino superior.

  • É bem dimensionado para o mercado português? Ou está sobre-dimensionado? Há quem justifique que se estão a formar engenheiros e não técnicos…

Podes ver pelos dois lados… Mas engenharia não é andares a montar e a desmontar automóveis, um mecânico faz isso. Engenharia é tu agarrares num problema e conseguires uma solução baseado nos conhecimentos que os professores te transmitem aqui! O nosso curso a nível técnico está muito bom. Por exemplo, os espanhóis têm a engenharia industrial que não dá para nada e mesmo em Inglaterra em Engenharia Automóvel a eletrónica é quase inexistente, ao contrário do nosso curso. Nenhuma empresa em Portugal vai contratar 2 engenheiros, um mecânico e um eletrotécnico, quando tu podes fazer as duas coisas num automóvel e ainda tens conhecimentos de suspensões, travões, etc que os outros cursos não têm e consegues conjugar isso tudo em torno do automóvel. Muitas vezes o problema não está no curso, mas sim no aproveitamento que as pessoas tiram dele.

  • Depois de terminares a tua licenciatura em Engenharia Automóvel, foste para Inglaterra tirar o mestrado em Racing Engine Design (Oxford Brookes University). Achaste que estavas melhor ou pior preparado com os restantes colegas que vêm de todo o mundo?

Melhor, muito melhor preparado. Nas primeiras 3 semanas enquanto eu estava perfeitamente à vontade em toda a fase introdutória do mestrado, os meus colegas sentiam dificuldades pela sua falta de preparação, o que dá além de uma vantagem temporal um muito mais à vontade em toda a matéria que se segue devido às boas bases que se levam daqui. No meu caso específico de motores levei a vantagem da nossa Termodinâmica e Máquinas Térmicas ser específica e aplicada aos motores dos automóveis, e ainda da unidade curricular de Sistemas de Propulsão onde continuas a aprofundar todos estes conhecimentos sobre motores. Ou seja, facilmente recordas todos estes conhecimentos enquanto os meus colegas os estavam a ver pela primeira vez.

  • Onde estás atualmente, na Aston Martin, que conhecimentos aprendidos aqui te estão a ser relevantes?

Tudo o que tem a ver com o automóvel… Quando estás a desenvolver um componente é muito importante teres a noção de como todos os sistemas funcionam, não só aquele (do componente) como todos os sistemas circundantes e como todos eles se relacionam. Se não tiveres a noção de tudo o que envolve um automóvel não vais ser capaz de prever teoricamente o que é que pode acontecer e o que é que pode correr mal. Também o conhecimento de desenho 2D, fundamental em projeto de componentes, não foi adquirido em mais algum lugar para além de Leiria em todo o meu percurso formativo.

  • Para finalizar, uma curiosidade: Qual é o teu Aston Martin preferido?

Aquele em que eu estou a trabalhar! (que ainda não foi apresentado)

Mário Rodrigues | NEAU

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